Os benefícios dos alunos não usarem o celular na escola: uma perspectiva psicológica

 Dayana Garcia é psicóloga e orientadora educacional da educação infantil no Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília

A proibição do uso de celulares em salas de aula não é uma novidade em muitos países, como França e Canadá, onde políticas semelhantes já foram implementadas com o objetivo de melhorar o foco dos alunos e reduzir distrações. No Brasil, a recente lei nacional que proíbe o uso desses dispositivos nas escolas ganhou destaque por seu caráter amplo e obrigatório, abrangendo tanto instituições públicas quanto particulares. Segundo especialistas em educação, como apontado em estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o uso excessivo de celulares em ambientes escolares está associado à queda no desempenho acadêmico e ao aumento da dispersão. Além disso, a medida visa combater problemas como o cyberbullying, que afeta a saúde mental dos jovens, e o uso inadequado de dispositivos, como gravações não autorizadas, que violam a privacidade de alunos e professores. A implementação da lei tem gerado debates sobre sua eficácia, mas também reforça a necessidade de equilibrar o uso da tecnologia com um ambiente escolar mais seguro e produtivo.

Sob a ótica da psicologia, a nova lei traz benefícios importantes para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo dos alunos. Vamos explorar como essa medida pode impactar positivamente a vida dos estudantes, ajudando-os a se concentrar melhor, a se relacionar mais e a lidar de forma mais saudável com a tecnologia.

Um dos principais benefícios da proibição dos celulares é o aumento da capacidade de concentração dos alunos. Psicologicamente, o cérebro humano tem dificuldade em realizar multitarefas de forma eficiente. Quando os estudantes estão com o celular em mãos, mesmo que apenas para “checar rapidamente” uma mensagem, isso interrompe o fluxo de atenção necessário para absorver o conteúdo das aulas. Sem o aparelho, eles conseguem se focar mais no que está sendo ensinado, o que pode melhorar o desempenho acadêmico e a retenção de informações.

O uso excessivo de celulares, especialmente das redes sociais, está associado a níveis mais altos de ansiedade e estresse entre os jovens. A necessidade constante de verificar notificações, responder mensagens ou acompanhar as atualizações dos amigos pode criar uma pressão psicológica desnecessária. A proibição do celular na escola oferece um “respiro” desse ciclo, permitindo que os alunos se desconectem por algumas horas e se dediquem a atividades mais presenciais e significativas. Isso pode ajudar a reduzir a ansiedade e promover um maior equilíbrio emocional.

Outro benefício importante é o estímulo às interações sociais face a face. Com o celular longe do alcance, os alunos são “forçados” a conversar entre si, a resolver conflitos pessoalmente e a desenvolver habilidades de comunicação que são essenciais para a vida adulta. A psicologia mostra que a capacidade de se relacionar de forma saudável e empática é fundamental para o bem-estar emocional. A escola, como um ambiente de convivência, ganha um papel ainda mais relevante nesse aspecto com a proibição dos dispositivos móveis.

Sem o celular, os alunos também têm mais oportunidades de se envolver em atividades que promovem o autoconhecimento e a criatividade. Em vez de passar os intervalos olhando para uma tela, eles podem ler um livro, desenhar, praticar esportes ou simplesmente refletir sobre seus pensamentos e sentimentos. Esses momentos de “ócio produtivo” são importantes para o desenvolvimento da introspecção e da capacidade de lidar com o tédio, algo que a geração atual, acostumada ao estímulo constante das telas, tem dificuldade de experimentar.

cyberbullying, ou bullying virtual, é um problema grave que afeta muitos jovens. Com a proibição dos celulares, a escola se torna um espaço mais seguro, onde os alunos estão menos expostos a comentários maldosos, humilhações e outras formas de violência online. Psicologicamente, isso contribui para um ambiente mais acolhedor e menos hostil, o que é essencial para o desenvolvimento emocional e saudável dos estudantes.

Por fim, a proibição do celular na escola ajuda os alunos a estabelecerem uma relação mais equilibrada com a tecnologia. Em vez de dependerem constantemente do aparelho, eles aprendem a usá-lo de forma consciente e moderada. Isso é importante porque, na psicologia, o uso excessivo de tecnologia pode levar a problemas como dependência digital, dificuldade de concentração e até mesmo prejuízos ao sono. A escola, ao limitar o uso do celular, contribui para a formação de hábitos mais saudáveis.

A nova Lei de proibição do uso de celulares nas escolas traz benefícios que vão além da melhora no rendimento acadêmico. Do ponto de vista psicológico, ela promove um ambiente mais tranquilo, estimula as interações sociais, reduz a ansiedade e ajuda os alunos a desenvolverem uma relação mais saudável com a tecnologia. É claro que a mudança pode ser desafiadora no início, especialmente para os jovens que estão acostumados a ter o celular como parte do seu dia a dia. No entanto, a longo prazo, essa medida pode contribuir para o bem-estar emocional e o desenvolvimento integral dos estudantes, preparando-os para um futuro onde a tecnologia seja usada de forma consciente e equilibrada.

 * O conteúdo do artigo assinado não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.

Assessoria de Imprensa Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília
61999093215
[email protected]
https://www.linkedin.com/in/fernando-mesquita-7ba619aa/
By Publicou

Relacionados